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Enurese: O meu filho faz xixi na cama


Em princípio as crianças estão preparadas para tirar a fralda durante o dia entre os 2 anos e meio / 3 anos e durante a noite até aos 4 anos (máximo 5 anos). É uma fase muito importante no desenvolvimento e maturação da criança e existem várias teorias de quando é a melhor fase para começar a aprendizagem do controlo dos esfíncteres. Embora nunca se tenha comprovado existir uma relação directa entre a enurese e o desfralde prematuro das crianças, a verdade é que se essa etapa for iniciada demasiado cedo, a criança não é capaz de compreender o que se pretende dela e muito menos ter o controlo necessário do seu corpo para ser bem-sucedida. É importante que cada família observe e avalie cada um dos seus filhos (todos são diferentes) e perceba qual o momento em que a criança já demonstra sinais de estar preparada para iniciar essa etapa. São inúmeras as formas que cada um tem de expressar que já está maduro para iniciar essa nova fase da sua vida, basta estar atento.
Como nem todas as crianças são iguais, também existem aquelas em que largar a fralda, sobretudo durante a noite, se torna num grande pesadelo para os pais. Estas são as crianças que sofrem de enurese nocturna, mais comum do que a enurese diurna. Na enurese existem dois tipos: A primária, das crianças que nunca tiraram a fralda e a secundária, quando passam algum tempo, no mínimo 6 meses, com controlo dos esfíncteres bem definido e depois recomeçam a fazer xixi na cama.
Em qualquer uma das situações, é importante despistar sempre a possibilidade de algum problema fisiológico que possa estar a interferir e realizar os exames necessários, embora no caso de enurese nocturna secundária, é muito provável que sejam factores de ordem emocional que estão a interferir.
A enurese fala sempre sobre ansiedade, sobre algo interno, por vezes inconsciente que a criança não está a ser capaz de gerir e de expressar. É um pedido de ajuda dissimulado, algo que a criança não está a conseguir conter dentro de si.
Existem várias estratégias que são adoptadas pelos pais e que não só não são eficazes como acabam por reforçar a tendência à enurese nocturna. Entre elas, destacam-se o manter a criança de fralda, que contribui para que a criança se sinta seca e não experimente a sensação desagradável de estar molhada, promovendo o acordar; A restrição de líquidos, que sobretudo quando é utilizada durante o dia, acaba por contribuir para manter a bexiga com baixa capacidade de retenção; Levantar a criança para fazer xixi durante a noite sem acordar, que reforça o automatismo de urinar a dormir.
O treino de retenção (aumentado a capacidade de retenção da própria bexiga), a responsabilização, o reforço positivo por parte dos pais, o desenvolvimento da consciência corporal, do domínio do corpo e a tomada de consciência das emoções envolvidas são algumas estratégias que têm mostrado ser eficazes e duradoras. Muitos pediatras optam pela medicação (hormonas antidiuréticas), embora se verifique que não é uma solução estável, na medida em que não trabalha o desenvolvimento da capacidade de controlo e reconhecimento do processo corporal associado à retenção e eliminação.
Para além de partilhar esta questão com o seu pediatra, é muito importante recorrer a um terapeuta e procurar compreender qual ou quais as questões emocionais que estão a dificultar o processo. Crianças muito rígidas, perfeccionistas e exigentes, costumam ter um nível de ansiedade e de tensão durante o dia que é aliviado durante a noite e quase sempre acompanhado de mais uma noite com a cama molhada. É muito interessante quando no decorrer do trabalho terapêutico com uma criança com enurese nocturna, elas começam a conseguir identificar os medos que causam ansiedade e tensão: “Hoje fiz xixi na cama, durante o dia não estive bem, estava muito nervosa (…). O meu corpo fica tenso, como uma pedra e à noite quando relaxo lá vem o xixi.”
Ana Galhardo Simões, Psicoterapeuta Corporal na MD | Clinic

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